terça-feira, 8 de dezembro de 2009

T.E.F.L. - o "melhor método"

T.E.F.L. – o “melhor método”

Há tempos conversava com uma colega. A dada altura veio a lume a questão do “melhor método”. Que “o melhor método para ensinar uma língua é pôr os alunos a aprender em situações comunicativas reais.” – dizia essa minha colega de trincheira. Não discordo. Porém, como dizia o outro, também “disconcordo” com essa visão.

O facto é que, quanto a mim, podemos teorizar durante dias, escrever livros sobre o assunto, argumentar, expor e fundamentar solidamente opiniões. Mas, no que toca ao “melhor método” de ensinar uma língua estrangeira – ou, neste caso, o Inglês – duvido que alguma vez cheguemos a um consenso sólido. Em primeiro lugar porque professores são um pouco como treinadores de bancada. Acham sempre que a sua “táctica”, ou abordagem, ou metodologia, se preferirmos, é que é! E se nem sempre é a melhor (porque somos capazes de admitir isso) é sempre, no mínimo, "a melhor possível dadas as circunstâncias".

Em segundo lugar, nunca chegaremos a uma conclusão sobre o “melhor método” porque este é tão variável e idiossincrático como o são os aprendentes!
Em suma, não creio que haja verdadeiramente um “melhor método”. Há sim um conjunto de métodos mais ou menos adequados a cada grupo de formandos.

Aliás, irei mesmo mais longe... Penso que é importante desmistificar (senão mesmo pôr um fim) à crença de muitos educadores na existência do "melhor método".
Já baseamos as aulas em gramática e em tradução, por exemplo. Depois, optou-se pelo método audiolinguístico, baseado na audição e repetição oral. No meu tempo de aluno, era o método situacional (com conteúdos pautados por eventos como "no aeroporto", "na loja" etc.). Mais tarde, já enquanto professor, acreditava-se na abordagem comunicativa, que recrimina o uso da primeira língua, só permitindo no espaço da sala de aula o recurso à língua estrangeira. E focámo-nos em leitura e em role play, em interpretação de texto e em exercícios de alargamento vocabular e campo semântico, em jogos linguísticos e skills comunicativas… melhor método??

Sabemos que, no fundo, cabe ao professor analisar a turma que tem para actuar bem. Ou, pelo menos, para actuar o melhor possível. Esta busca por receitas mais ou menos milagrosas só mudará com um estilo de formação reflexiva – algo que nos obrigue a questionar a nossa própria actuação e, simultaneamente, nos capacite para avaliar a realidade em que actuamos a fim de aplicar princípios de ensino e de aprendizagem que funcionem para o grupo de estudantes que temos em cada sala de aula.

Portanto, mais do que de métodos, há que falar em princípios e em diferentes possibilidades de implementá-los. De certo modo, para o docente, isso complica a situação, já que é muito mais fácil pegar numa qualquer receita, aplicá-la, e esperar que “apure”. Mas, na verdade, parece-me que os resultados de um qualquer processo de ensino-aprendizagem dependerão sempre mais da análise do professor em relação ao que fazer perante a realidade em que seus alunos estão inseridos, do que do “método ideal”.

E se não existe um método perfeito, é também porque a eficácia da aprendizagem depende fundamentalmente do objectivo da pessoa ao aprender um idioma. Não se aprende à força e por osmose também não resulta. Já verifiquei isso mais do que uma vez, ao passar um bom aluno para o lado do que sentia mais dificuldades…
Além disso, o que já todos ouvimos bem mais do que uma vez são coisas do calibre de “p’ra quéq quero saber Inglês?!” e afins, independentemente de usarmos manuais,trabalhos de grupo ou individuais, role play, filmes, meios multimédia ou internet. Como tal, há é que entender por quê, para quê, como e o que ensinar – e creio que nessa ordem.

Hoje em dia, para o bem ou para o mal, os alunos já não são recipientes dispostos a “serem ensinados”. É preciso convencê-los, isto se quisermos que aprendam algo. Tentar fazer com que passem a valorizar o segundo idioma, com que entendam qual a importância de aprendê-lo para a sua Educação – fazê-los ver, enfim, o que a aprendizagem do Inglês lhes permite no contexto mundial actual e, sobretudo, o que perderão e o que lhes estará vedado se não o dominarem.

É neste âmbito que os novos media, tecnologias como a internet e ferramentas como os blogues, os wikis, ou, inclusivamente, os fóruns de conversação online podem dar o seu contributo para mudar os conteúdos e a maneira de leccionar Inglês.
Estes podem e devem ser usados para realizar tarefas que despertem o interesse dos estudantes, já que usar essas novas tecnologias é um meio de estabelecer uma relação evidente e pragmática entre a aprendizagem e a realidade dos alunos.

Todavia, como em todas as metodologias anteriores, o uso de novas tecnologias, de internet e de recursos / ferramentas pedagógicas online também não é a tal “receita”, o tal “melhor método”… é, digamos, uma boa possibilidade a explorar, se a turma o recomendar. Noutros casos, não poderá ser mais do que um complemento a outras metodologias. Em caso nenhum será um maná milagroso quer porá todos a aprender e a comunicar alegremente em língua inglesa.

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