quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ensino High Tech



Enquanto fazia uma pesquisa sobre o tema de hoje, deparei-me com esta pérola da RTP. Por acaso recordo-me de ter visto esta peça em primeira mão, no Jornal da Tarde, já lá vão uns meses…
Ora reza a notícia de que oito salas de duas escolas básicas de Espinho estão já equipadas com "uma das mais inovadoras tecnologias de ensino do mundo". E arredores, permitam-me o acrescento.
A plataforma informática chama-se Camões. E alia-se ao Magalhães para transformar a aula numa experiência mais atractiva.

Portanto, cá estamos lançados rumo ao Quinto Império! Cinco séculos depois da epopeia dos Descobrimentos, voltamos a desbravar caminhos nunca antes percorridos, a trazer novos mundos ao mundo e a preparar o nosso domínio global do planeta que há-de vir. Ou pelo menos assim gostamos de apresentar a coisa! Agora, depois do inefável “Magalhães”, temos o “Camões”. Perdoem-me o sarcasmo, mas… preocupa-me o cenário trágico em que a educação do ensino básico se está a tornar... vejam o vídeo... o que acham?


País - Salas de ensino do futuro - RTP Noticias, Vídeo

Mas só se pode ensinar se for divertido?!?
Nada pode dar trabalho?!?
Mas que ética de trabalho e de valorização do estudo e do esforço é que estamos a passar?

Um aluno diz "Antes nós tínhamos de escrever, agora não..."... e outra criancinha: "é mais fácil, é mais divertido..." WHATTA F***!!?!?

A sério, isto de pensar que os alunos vão chegar à Universidade sem saber escrever "à mão" (para não falar das tendinites precoces por só estarem ao computador) deixa-me cá com uma urticária!!

Ensinar a escrever com caneta electrónica, outra ideia "espantástica"... será tão mais eficiente do que usar caneta sobre papel?! Pelo amor da santa!
Tecnologia na sala de aula só porque sim?? Não contem comigo para isso, mesmo que a minha avaliação no item “domínio das TIC” roce o zero!!

A tecnologia nas escolas pode ser (e é-o de facto!) um aliado importante dos educadores e dos alunos, mas, para que seja eficaz, é necessária uma modificação na forma como o ensino é pensado. Antes de mais, há que estruturar um sólido projecto pedagógico e então introduzir a tecnologia, MODERADAMENTE, onde for interessante, exequível e EFICIENTE!

Não adianta atulhar as Escolas de Magalhães, Camões e quejandos (espero ansiosamente pelo programa Bartolomeu Dias, que deve chegar já em 2010, ano em que a África do Sul estará sob todos os holofotes) se estes meios não estiverem cuidadosamente integrados nas actividades das diferentes disciplinas.

É preciso clareza de propósito para a utilização da tecnologia. Se uma actividade pode ser feita de forma mais rápida, simples e igualmente eficaz utilizando meios não-tecnológicos, como papel, lápis de cor e cola, não há sentido em fazer isso usando o computador, só porque o lápis de cor está "out".

O recurso tecnológico deve ser usado quando efectivamente oferece algo que não poderia ser feito com a mesma eficácia por meios convencionais.
Ressalvo, mais uma vez, que nada me move contra a utilização de novas tecnologias no ensino. Mas tudo tem o seu peso e a sua medida.
A tecnologia não deve excluir, de forma nenhuma, o ensino clássico. A ideia é que ambos se complementem de modo a obter os melhores resultados possíveis.
E esta história do Camões… já me soa quase a doutrinação! Tudo tem que ser subordinado ao PC, ao online, ao digital… náááááá!...

Como diz a miudagem quando por vezes vou longe demais numa actividade, correcção, ou extensão do exercício: “Ó stôr!!... Menos!”

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